Tesouro Direto movimenta R$ 6,2 bilhões em novembro, com liderança do Tesouro Selic e forte expansão da base de investidores

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O Tesouro Direto voltou a registrar números expressivos em novembro, confirmando o protagonismo da renda fixa no portfólio do investidor brasileiro. De acordo com dados divulgados pelo Tesouro Nacional, os investimentos no programa somaram R$ 6,2 bilhões no mês, refletindo o interesse crescente por ativos considerados de baixo risco em um cenário de juros elevados e maior cautela econômica.

No mesmo período, os resgates antecipados totalizaram R$ 3,37 bilhões, resultando em uma emissão líquida positiva de R$ 2,83 bilhões. O volume expressivo de negociações evidencia não apenas a liquidez do programa, mas também a forte participação de pessoas físicas, que continuam ampliando sua presença no mercado de títulos públicos. Ao todo, 802.806 operações foram realizadas em novembro, consolidando o Tesouro Direto como uma das principais portas de entrada para investidores iniciantes e também como uma alternativa relevante para investidores mais experientes que buscam previsibilidade e proteção do capital.

Tesouro Selic lidera aplicações em meio a juros elevados

Entre os títulos mais demandados no mês, os papéis indexados à taxa Selic mantiveram ampla liderança. O Tesouro Selic concentrou R$ 3,6 bilhões em aplicações, o que representa 57,4% de todas as vendas realizadas em novembro.

O desempenho reflete o ambiente de juros elevados no país, que torna os títulos pós-fixados particularmente atrativos. Como acompanham a taxa básica de juros da economia, esses papéis oferecem baixa volatilidade e elevada liquidez, sendo amplamente utilizados como reserva de emergência ou alternativa a investimentos tradicionais como a poupança.

Na sequência, os títulos atrelados à inflação também registraram demanda significativa. Produtos como Tesouro IPCA+, Tesouro IPCA+ com Juros Semestrais, Tesouro RendA+ e Tesouro Educa+ somaram R$ 2,0 bilhões em investimentos, equivalentes a 31,9% do volume total vendido no mês. Esses títulos costumam atrair investidores com horizonte de longo prazo, interessados em preservar o poder de compra e garantir rentabilidade real acima da inflação, especialmente em momentos de incerteza econômica.

Já os títulos prefixados, como Tesouro Prefixado e Tesouro Prefixado com Juros Semestrais, responderam por R$ 664 milhões, representando 10,7% do total investido. Apesar de menor participação, esses papéis continuam sendo utilizados por investidores que acreditam em estabilidade ou queda futura das taxas de juros.

Resgates antecipados também têm predominância do Tesouro Selic

O comportamento dos investidores nos resgates antecipados segue a mesma lógica observada nas aplicações. Em novembro, os títulos indexados à taxa Selic lideraram as recompras antes do vencimento, somando R$ 2,1 bilhões, o equivalente a 67,1% do total resgatado. A elevada liquidez e a menor sensibilidade à marcação a mercado tornam o Tesouro Selic a principal escolha para quem precisa de recursos no curto prazo, sem grandes oscilações no valor investido.

Os títulos remunerados por índices de preços registraram R$ 730,8 milhões em resgates, ou 23,9% do total, enquanto os títulos prefixados responderam por R$ 276,2 milhões, correspondendo a 9,0% dos resgates realizados no mês.

Preferência por prazos intermediários segue dominante

Em relação ao prazo dos investimentos, os dados mostram que a preferência dos investidores permanece concentrada em títulos com vencimento entre 5 e 10 anos, que representaram 42,3% das vendas em novembro.Os títulos com vencimento entre 1 e 5 anos também tiveram participação relevante, concentrando 42% do volume total negociado, o que indica um equilíbrio entre investidores que buscam retornos de médio prazo e aqueles que preferem maior flexibilidade.

Já os papéis com prazo superior a 10 anos responderam por 15,7% das vendas, percentual menor, mas ainda significativo, especialmente entre investidores focados em aposentadoria, renda futura ou planejamento educacional.

Estoque do Tesouro Direto ultrapassa R$ 205 bilhões

O crescimento das aplicações se refletiu diretamente no estoque total do programa. Em novembro, o estoque do Tesouro Direto encerrou o mês em R$ 205,4 bilhões, alta de 2,2% em relação a outubro, quando somava R$ 201 bilhões.

Na comparação anual, o avanço é ainda mais expressivo. Em novembro de 2024, o estoque total era de R$ 150,8 bilhões, o que representa um crescimento de 36,2% em 12 meses. O dado evidencia a consolidação do Tesouro Direto como um dos principais instrumentos de investimento da pessoa física no Brasil.

Títulos indexados à inflação dominam o estoque total

Do ponto de vista da composição do estoque, os títulos remunerados por índices de preços continuam sendo os mais representativos. Ao final de novembro, esses papéis totalizavam R$ 103,6 bilhões, correspondendo a 50,4% do estoque total.Em seguida aparecem os títulos indexados à taxa Selic, com R$ 76 bilhões, o que equivale a 37% do total. Já os títulos prefixados somaram R$ 25,8 bilhões, representando 12,6% do estoque.

A predominância dos papéis atrelados à inflação reforça a preocupação dos investidores com a preservação do poder de compra no longo prazo, especialmente em um cenário de incertezas fiscais e econômicas.

Perfil de vencimento indica foco no médio e longo prazo

A análise do perfil de vencimento dos títulos em estoque mostra que apenas 11,7% do total, ou R$ 24,1 bilhões, possuem prazo de até 1 ano. Já os títulos com vencimento entre 1 e 5 anos somam R$ 88 bilhões, representando 42,9% do estoque.

Os papéis com prazo acima de 5 anos alcançaram R$ 93,3 bilhões, ou 45,4% do total, evidenciando que grande parte dos investidores utiliza o Tesouro Direto como ferramenta de planejamento financeiro de médio e longo prazo.

Base de investidores ativos cresce quase 20% em 12 meses

Outro destaque do levantamento é o crescimento contínuo da base de investidores. Em novembro, o número de investidores ativos chegou a 3.309.305 pessoas, com acréscimo de 51.511 novos investidores no mês.Na comparação anual, o crescimento foi de 19,2%, indicando que cada vez mais brasileiros estão utilizando o Tesouro Direto de forma recorrente, e não apenas de maneira pontual.

Já o total de investidores cadastrados atingiu 33.970.911 pessoas, após a inclusão de 204.152 novos registros em novembro. Em relação a novembro de 2024, o crescimento foi de 11,2%, confirmando a expansão do programa como principal porta de entrada para investimentos em renda fixa no país.

Papel do Tesouro Direto no cenário econômico atual

Do ponto de vista de mercado, os dados de novembro reforçam o papel do Tesouro Direto como uma alternativa de baixo risco em períodos de maior incerteza econômica. O aumento do estoque e da base de investidores tende a sustentar a demanda por títulos públicos, com impactos relevantes sobre a curva de juros e o funcionamento do mercado de dívida pública.

Além disso, a atratividade da renda fixa em um ambiente de juros elevados acaba influenciando, de forma indireta, a alocação de recursos entre renda fixa e renda variável, tornando a bolsa de valores relativamente menos atrativa para perfis conservadores. Os números de novembro confirmam que o Tesouro Direto segue em trajetória de crescimento consistente, impulsionado pelo cenário macroeconômico, pela busca por segurança e pela ampliação do acesso ao mercado financeiro. A liderança do Tesouro Selic, o avanço dos títulos indexados à inflação e a expansão da base de investidores demonstram a maturidade crescente do investidor brasileiro.

Com um estoque acima de R$ 205 bilhões e quase 34 milhões de investidores cadastrados, o Tesouro Direto consolida-se como um dos pilares do investimento em renda fixa no Brasil, exercendo papel central na educação financeira, na democratização do acesso aos títulos públicos e na formação de poupança de longo prazo da população.

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