Exposição revela aspectos pouco conhecidos de “O Pequeno Príncipe” e celebra 80 anos da obra na França

Imagem ilustrativa

Uma das obras literárias mais conhecidas e traduzidas do mundo ganha uma nova leitura em São Paulo. A exposição “O Pequeno Príncipe”, aberta ao público no MIS Experience, propõe uma imersão inédita na vida, no pensamento e no contexto histórico que influenciaram o escritor francês Antoine de Saint-Exupéry na criação do livro. A mostra teve início no sábado (20) e integra as comemorações pelos 80 anos do lançamento da obra na França, convidando visitantes de todas as idades a conhecerem facetas menos exploradas do autor e de sua produção literária.

Com uma proposta que vai além da simples releitura da narrativa, a exposição apresenta o livro como resultado direto das vivências pessoais, profissionais e emocionais de Saint-Exupéry, especialmente durante o período da Segunda Guerra Mundial. A entrada é gratuita às terças-feiras, o que amplia o acesso do público à experiência cultural.

Uma jornada cronológica pela criação da obra

A exposição conduz os visitantes por uma linha do tempo detalhada, que ajuda a compreender como o contexto histórico e a trajetória de vida do autor influenciaram diretamente a construção de “O Pequeno Príncipe”. Traduzido para mais de 600 idiomas e dialetos e com milhões de exemplares vendidos ao redor do mundo, o livro é frequentemente lido como uma fábula infantil. No entanto, a mostra destaca seu caráter profundamente filosófico e existencial.

Entre os momentos abordados está o exílio de Saint-Exupéry nos Estados Unidos, período em que o escritor viveu afastado da França em meio à guerra. Foi nesse contexto que, em 1943, ocorreu a primeira publicação da obra, inicialmente em inglês e francês, nos Estados Unidos. A edição francesa só chegaria à França em 1945, após o fim do conflito, quando o autor já havia falecido.

Compreender o autor para entender a obra

De acordo com a curadora da exposição, Mônica Cristina Corrêa, conhecer a história de Saint-Exupéry é essencial para interpretar corretamente as mensagens presentes no livro. Para ela, muitas leituras acabam descolando a narrativa do contexto em que foi escrita, o que pode levar à superficialização de seus temas centrais.

“Ao conhecer mais o autor, a gente entende melhor O Pequeno Príncipe. O livro aborda um tema universal e inerente a qualquer ser humano: a morte”, explica Mônica.

Segundo a curadora, Saint-Exupéry trata a morte não como um fim, mas como um ponto de reflexão sobre o sentido da vida. A obra convida o leitor a pensar sobre valores que vão além do consumo e do materialismo.

“O essencial da vida não é aquilo que você compra, não é aquilo que você consome, mas aquilo que você deixa como legado, especialmente nas relações humanas”, completa.

O último livro de Saint-Exupéry

Outro aspecto destacado na exposição é o fato de “O Pequeno Príncipe” ter sido o último livro escrito por Antoine de Saint-Exupéry. O autor morreu em 1944, durante uma missão aérea, antes de ver a obra publicada oficialmente em seu país natal.

“Só no fim da guerra, quando ele já tinha morrido, o livro foi publicado na França. Isso é muito significativo. O Pequeno Príncipe é uma síntese de tudo que ele sentiu, pensou, desenhou e escreveu ao longo da vida”, afirma a curadora.

Essa perspectiva reforça a leitura do livro como uma espécie de testamento literário e emocional do autor, reunindo suas reflexões sobre infância, amizade, solidão, responsabilidade e humanidade.

Uma exposição dividida em quatro espaços temáticos

A mostra foi cuidadosamente organizada em quatro espaços distintos, cada um deles dedicado a diferentes fases da vida de Saint-Exupéry e a elementos simbólicos da obra.

Paris e a infância do autor

Logo na entrada, o visitante é recebido por um ambiente que remete às ruas de Paris, com pisos de pedra e vitrines cenográficas. Esse espaço faz referência à infância do autor e às influências culturais que marcaram seus primeiros anos de vida. A ambientação busca criar uma conexão sensorial com o período formativo de Saint-Exupéry.

O hangar e a paixão pela aviação

Em seguida, a exposição conduz o público a um grande hangar, onde está instalada a linha do tempo da vida do escritor. Um dos destaques do local é um avião em tamanho expressivo, símbolo tanto da carreira de Saint-Exupéry como aviador quanto de sua presença marcante em “O Pequeno Príncipe”.

A curadora explica que a representação do avião foi um desafio, já que a obra original não descreve com detalhes a aparência da aeronave. Ainda assim, o elemento foi incluído como referência direta à relação do autor com a aviação, atividade que influenciou profundamente sua visão de mundo.

Salas de imersão com os personagens da obra

Na sequência, o público percorre três salas imersivas, que recriam o universo poético do livro. Nesses espaços, é possível encontrar elementos icônicos da narrativa, como a Rosa, a Raposa, os diferentes planetas visitados pelo Pequeno Príncipe e as imponentes árvores baobás.

A experiência é reforçada por uma trilha sonora criada exclusivamente para a exposição, que contribui para envolver emocionalmente o visitante e ampliar a sensação de pertencimento ao universo da obra.

Sala de imersão 360º

O percurso se encerra com uma sala de imersão 360º, considerada um dos pontos altos da exposição. Nesse espaço, trechos marcantes do livro são recriados em grande escala, combinando aquarelas originais, animações digitais e trilha sonora. A proposta é proporcionar uma vivência sensorial completa, que dialoga tanto com leitores antigos quanto com novos públicos.

Reflexão e convite à leitura consciente

Para Mônica Cristina Corrêa, a exposição tem como objetivo principal incentivar uma leitura mais profunda e reflexiva de “O Pequeno Príncipe”.

“Nossa proposta é convidar as pessoas a refletirem junto com Saint-Exupéry e viajarem com O Pequeno Príncipe, entendendo que a obra vai muito além de uma história infantil”, afirma.

Segundo ela, separar a narrativa de seu contexto histórico e biográfico pode levar à banalização de mensagens que continuam extremamente atuais, especialmente em um mundo marcado por conflitos, excessos e relações cada vez mais superficiais.

Serviço: visitação e ingressos

A exposição “O Pequeno Príncipe” está em cartaz no MIS Experience, localizado na Rua Cenno Sbrighi, no bairro Água Branca, em São Paulo.

O museu funciona de terça a domingo, das 10h às 19h.
Os valores dos ingressos são:

  • Terças-feiras: entrada gratuita

  • De quarta a sexta-feira:

    • Inteira: R$ 40

    • Meia-entrada: R$ 20

  • Sábados, domingos e feriados:

    • Inteira: R$ 60

    • Meia-entrada: R$ 30

A classificação é livre, e a exposição é indicada para públicos de todas as idades, especialmente leitores, estudantes, educadores e admiradores da obra de Antoine de Saint-Exupéry.

Ao reunir história, literatura, arte e tecnologia, a mostra reafirma a relevância de “O Pequeno Príncipe” oito décadas após seu lançamento e convida o público a redescobrir, com novos olhos, uma das narrativas mais emblemáticas da literatura mundial.

Autor: Joel Sychocki / Com informaçoes da Agencia Brasil

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